Às vezes não nos
sentimos sozinhos no meio da multidão? Quem nunca teve a sensação de solidão em
meio a tanta gente, com tantos pensamentos, comportamentos e verdades? Olhares
de todos os cantos, formas e lugares?
Tantos olhos, com
tantos olhares, bons, ruins, de admiração, de crítica, de veto. Olhos que nos cobram
que nos acusam do que eles mesmos cometem.
Difícil lidar com
certos olhares, que mesmo sem querer vê-los, nos atingem de forma pessimista e cruel.
Olhos de inveja, de maldade, de quem não fez, de quem não sabe fazer. Na
maioria das vezes, quem olha muito para o lado e repreende mesmo sem falar, e
condena mesmo sem conhecer, e desmerece mesmo sem saber, é quem não tem nada a
oferecer. Olha para fora porque não tem nada de bom dentro de si para admirar.
Ah, o que seria de nós
se não fossem os olhos de amor, daqueles que nos conhecem do ventre, que
conhecem a nossa essência. Sabem que temos fraquezas (quem não as tem), mas
acreditam no nosso poder renovador, de aprendizado, de luta, de conquista!
Ah... O que seria de
nós sem os olhares que esperam pela nossa chegada, pelo nosso afeto, pela nossa
atenção. Tão mais difícil seria viver sem estes olhos cúmplices, parceiros,
“permutantes” de amor. Olhos de necessidade, de vontade, de força.
Porque será que com
tantos olhos bons que nos cercam, ainda nos incomodam aqueles olhos feios e
opacos, que não acrescentam que passam despercebidos para a maioria na multidão?
São nada, são ninguém, sem talento, sem criatividade e... Sem voz, porque não
têm coragem de externar o que sentem o que pensam. No fundo talvez se
envergonhem daquilo que são. Por isso, somente olham... Vêm suas vidas passar,
e não vivem, não sentem. Têm medo da represália, da condenação de olhos como os
seus...
Melhor é sermos livres
para assumirmos nossas fraquezas e vivermos felizes, leves, inteiros. Que
importam os olhares maldosos? Mas valem os que me olham pelo bem, esses
asseguram minha força, minha luta, minha razão de viver.
E daí darmos risadas de
vez em sempre, e daí gostarmos de brincar e nos permitirmos ser infantil? “Nos permitirmos
ser infantil”, muito diferente do que realmente o ser. Só se permite ser assim
quem tem maturidade suficiente para saber a hora de encarar com seriedade as
dificuldades que a vida coloca em seus caminhos. Não fosse isso, o que seria do
nosso coração, da nossa pele, da nossa saúde e do sangue que circula pelas nossas
veias? Mas não se enganem, é somente uma defesa frente aos contrapontos da
vida, uma forma de despistar o adversário, acelerar sem que percebam a
ultrapassagem na curva mais perigosa.
Melhor que alguns
continuem acreditando que ainda estamos na adolescência, assim temos tempo
suficiente para crescer e aprender ainda mais, e quando se derem conta, estaremos
tão longe, mas tão longe, que mesmo que seus olhos de coruja queiram nos
alcançar, será impossível nos localizarem voando pelo universo.
Que nos importam os
olhos feios, e estrábicos, e caolhos... São olhos tristes, incompetentes, sem
graça... Que importam os olhos feios? Que importam?
Falta de coragem? Sem voz? Se ja causam isso com um olhar, imagina se abrirem a boca...um olhar fala mais que mil palavras!
ResponderExcluirTEXTO PUBLICADO NA REVISTA VITRINE www.vitrinerevista.com.br edição 25.
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