quarta-feira, 3 de agosto de 2011

QUINZE MINUTOS ATRASADA- DILEMAS DE UMA MULHER MODERNA

Quinze Minutos Atrasada -  www.drikaflores.blogspot.com


A minha vida inteira convivi com a "síndrome" dos quinze minutos! Desde a minha infância ouço alguém me falar "que estou atrasada", "que precisamos correr", "onde já se viu..."

Comecei a fazer aulas de balé, muito pequena e lembro como se fosse hoje, a correria, colocando sapatilha dentro do carro, prendendo o cabelo, enfim! E assim foi o período colegial, faculdade, pós...

Na época em que eu atuava no ramo executivo então, a cobrança de ser extremamente pontual me deixava de cabelos em pé. Chegar no horário é sinal de educação, comprometimento e organização. Concordo. Mas daí dizer que os melhores funcionários são os primeiros a chegar, desculpa, mas até hoje não compreendo esta comparação. Como podemos ser julgados por quinze minutos? Como posso passar à incompetente, descompromissado e irresponsável só porque estou atrasado quinze minutos?

A meu ver é muito mais importante, a entrega de um relatório em dia, a apresentação de uma proposta que realmente faça a diferença, e a maneira e agilidade como desempenho minhas atividades dentro do período em que me mantiver disponível. Que importa ser o primeiro a chegar e se enrolar todo para concluir o serviço? Que importa ter o prazer em dizer bom dia a cada um que passar, e ser o último a ir embora? Bom profissional mesmo é aquele que consegue concluir todas as suas atividades dentro do seu horário de trabalho, não aquele que precisa chegar muito antes, ou sair sempre depois.

E de certa forma, sem perceber, carregamos esta exigência para tudo que formos fazer. Outro dia estava indo ao mercado, e corria com o carro, nervosa, como se fosse parar o mundo porque estava atrasada "para fazer compras?" Como assim? Onde está escrito o horário ideal para se fazer compras? E porque gritamos que nem loucos uns com os outros porque sempre estamos atrasados para aquela festinha de aniversário? O que seria por prazer se transforma em uma obrigação, e na maioria das vezes já chegamos a um lugar, com vontade de vir embora. Isso quando nem entramos no salão e chega alguém nos criticando de tal forma, que por um minuto pensamos, "precisa mesmo de tudo isto?".

Concordo, tem gente que exagera, eu mesma já exagerei. Perder o horário além do normal, é muito chato, e cria realmente a imagem de alguém com quem não se pode contar. Atrapalha o parabéns, a hora do cafezinho, e aquela surpresa fenomenal que alguém montou para o momento crucial da festa em que não estava presente. Mas se forem apenas quinze minutinhos, será que faz tanta diferença assim?

Que adianta sermos pontuais nos compromissos, se estamos sempre atrasados no relógio emocional? Mas vale o atraso no relógio do que atraso na vida. Perder o tempo de dizer que se ama alguém, se atrasar para demonstrar um sentimento que fora de contexto não tem o menor sentido. Quinze minutos de atraso fazem diferença na hora de uma repreensão, ou daquele elogio que esperamos a vida toda. Assim sim, chegar atrasado é grave.

Existem momentos na vida, que temos que nos posicionar, e se chegamos atrasados, ainda que quinze minutos, perdemos a oportunidade às vezes, de mudar nossos caminhos.

O importante de tudo isso é que a cobrança não nos torne pessoas amargas e estressadas demais a ponto de não podermos curtir aquele cafezinho gostoso depois da refeição, ou não termos tempo daquele selinho no marido antes de trabalhar, ou daquele abraço mais demorado no filho ao deixarmos na escola.

Somos humanos, e às vezes precisamos destes quinze minutinhos a mais, para tirarmos forças para um dia inteiro de produtividade. Sendo assim devemos relaxar um pouco, e acreditar que a competência esta em concluirmos o que nos dispusemos, dentro do prazo necessário, nem quinze minutos a mais, nem quinze minutos a menos. Mas de maneira prazerosa, natural e criativa.

Não devemos agir como robôs em busca de uma perfeição desenfreada que nos leva a lugar nenhum. Não quero ser perfeita nem modelo de ninguém. Prefiro ser feliz, fazer a diferença de forma natural, e aproveitar cada quinze minutos de prazer que a vida puder me oferecer. E daí que estou sempre quinze minutos atrasada? Pelo menos eu aproveito a vida e sou feliz, e você?

 

 


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Obrigada

Adriana Flores Mafra