segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Família, família...

O que é a família para você? Uma base de apoio emocional, espiritual, financeiro? Um grupo de pessoas que possuem o mesmo “sangue”? Um grupo de amigos próximos? Um ou dois entes queridos?
Em tempos modernos a visão da “tal família tradicional” está cada vez mais escassa.
E isso não é necessariamente algo ruim. Que adianta ter a foto padrão do comercial de margarina se de fato não existe amor, respeito, convívio real?

Antigamente as fotos de família eram compostas pelos avós, um ou outro bisavô, tios primos, filhos, netos. Muitos filhos, e mais netos ainda.
À medida que a tecnologia de impressões digitais foi se modernizando, quanto melhor a qualidade do papel e da imagem das fotos, quando impressas, menor a quantidade de pessoas que as compõem. As famílias, por motivos diversos, crises econômicas, violência, desejo, informação... foram diminuindo de tamanho. Já não se faz filhos com a rapidez e o volume de antigamente. Casar então, fato cada dia mais raro.

Afinal, como se constituem as famílias atuais? Um homem, uma mulher, um ou dois filhos, um casal de avós juntos, outro casal já separado talvez. Dois homens, um filho adotivo. Duas mulheres e três cachorros. Uma pessoa solteira com três gatos e uma... calopsita...enfim. O modelo, que de padrão já não tem mais nada, está cada vez mais diverso, mais complexo, e até um pouco confuso as vezes de se entender. Os “nossos”deram espaço para os “meus e os seus”, que também viram “nossos”. Ou o meu, que compartilho guarda com você. Ou, ou, ou…

Na real, estes esteriótipos no fundo são mera formalidade, protocolo, e normalmente não dizem muita coisa. Porque de nada adianta você ter parentesco, ou contrair matrimônio, “contrato por tempo de serviço”, “empréstimos por uso e desfrute”, ou... brincadeiras a parte, de nada adianta tudo isso, ou qualquer coisa dessas, se não existir pelo menos dois sentimentos fundamentais: amor e respeito.

É isso. Família são as pessoas que a gente ama e respeita. São aquelas pessoas que você sabe que estarão ali, aconteça o que acontecer. São as pessoas com quem você pode ser você mesmo.
Mas para que isso aconteça, primeiramente, é preciso querer. Não basta ter decedência no sangue. Se não existir amor e parceria, e vontade de estar junto, um parente muitas vezes vira um estranho. Triste. Muito triste realidade.

É incrível como muitas vezes a gente encontra pessoas na vida com quem nos identificamos e amamos e que se parecem mais com a gente do que uma pessoa que tem o nosso sangue. É... essas são as peças do destino, que nos une através do amor, e do tal respeito, que nos faz identificar quem verdadeiramente é a nossa família.

Então... esse negócio de sangue, parente, não quer dizer nada? Posso simplesmente nascer em qualquer lugar e definir quem de fato fará parte da minha vida, ignorando os caminhos divinos e inexplicáveis que me fizeram parte daquele grupo que tem a cara, o nariz, os olhos, o jeito de andar igual ao meu? Será mesmo possível vivermos livres e felizes ignorando nossas origens, a descendência que está no nosso sangue? Que conta a nossa história, que define de alguma maneira quem nós somos?

Não acredito. Porque um parente, por mais que algumas vezes a afinidade não seja nata, é uma pessoa que foi designada por Deus para fazer parte da sua vida. Não é aceitar qualquer coisa, servir de forma impensada e até cruel (é, porque tem parente que também abusa !) mas essa pessoa, ou essas pessoas que vieram como seus parentes, queira ou não, vieram para fazer parte de você, te ensinar a amar, a tolerar as diferenças, a ter paciência, a perdoar. Talvez boa parte dos problemas da sociedade hoje seja por isso. Mais fácil é “escolher a família” que me cai bem, que não me traz dor de cabeça, que eu vejo a hora que quero, e que amo porque “se parece” comigo.
Não será esta visão um pouco prepotente demais? Afinal, será que você é tão bom e tão perfeito que se algum parente não se encaixa à sua maneira de ser o problema está sempre nele, nunca em você? Será? Será? Será... Até onde vai a sua responsabilidade nesta “falta de afinidade”que desune? Vale a pena refletir.

Difícil é aprender a lidar com as diferenças de opinião. Difícil é amar seu próximo, que nesse caso, tem o mesmo sangue que você. Falta tolerância nas famílias. Falta tolerância na sociedade. Será por acaso?

Ame, respeite, crie as novas famílias que quiser e puder na vida. Faz bem estarmos cercados de amor. Mas não tente tirar de dentro de você quem verdadeiramente é.
Você pode buscar muitos caminhos, mas o único que te fará completo para viver em paz, é aceitar as suas origens, reconhecer suas debilidades, as debilidades dos outros, e evoluir.
Toda vez que se sentir um estranho no ninho e em função das dificuldades quiser buscar um outro modelo “mais ideal”, se lembre disso. Você até pode tentar “sair” da sua família de sangue, mas essa família, de fato, nunca sairá de você.