quarta-feira, 23 de maio de 2012

"PAPO" de Elevador



Por estes dias lembrei-me de umas histórias vividas que se repetem em todos os lares, com todo tipo de gente, a todo o momento. E ainda assim, não deixam de ser engraçadas, e por vezes, desconfortantes. Por exemplo, papo de elevador: quem nunca passou por uma situação de constrangimento no elevador?
Eu e meu irmão quando mais novos sempre dávamos este tipo de trabalho. Eu, riso solto, não precisava muito para achar graça nas situações (o pior é que continuo assim...). Meu irmão, sabendo disso, não deixava barato, e era só entrarmos no elevador para ele dar aquela olhadinha de lado pra mim e começarmos a gargalhar. Não eram risinhos à toa não. Eram gargalhadas mesmo, de chorar de tanto rir. Imagina a situação dos “vizinhos”. Era abrir a porta, a pessoa entrava pronto, o estrago estava feito. Minha mãe, quando estava presente, dava umas olhadas sérias como quem tenta dizer algo apenas com o olhar. Mas nada segurava nossa “jovialidade”! Como quem tenta corrigir o incorrigível, minha mãe se sentia obrigada a fazer um comentário do tipo: “A essa meninada!”, “Eles são sempre tão felizes não é mesmo?”.
Tinha um certo vizinho então, que era impressionante, eu não podia olhar para ele, que começava a rir. Ele enaltece bem este tipo de conversa “furada” a qual me refiro. Sempre nos cumprimentava, e para não ficar aquele silêncio comentava: “Tá frio não é? Ontem choveu, será que hoje também vai?”. Gente, qual é o adolescente que às 06h30min da manhã quer saber se vai chover ou não? Normalmente, mal acordaram e sabem o próprio nome... Isso quando ele não entrava junto com a mulher, e ficavam fazendo cócegas um no outro, juro! Como quem comemora algo da noite passada! Eu olhava para eles e imaginava o que poderiam ter feito, e claro, meu irmão como por telepatia me compreendia, e começávamos a rir novamente.
Tem também aquelas pessoas que não falam nada, mas ficam regulando sua roupa, seu brinco, o tom do esmalte, a marca da bolsa meu Deus! Sinceramente talvez seja melhor comentar sobre o tempo! E aquelas senhorinhas que olham para “dentro” da sacola do mercado e ficam perguntando sobre a marca dos alimentos, se são bons, se tá caro, etc. É constrangedor, parece invasão de privacidade ou alguma coisa assim.
Se pararmos para relembrar, este tipo de situação não ocorre somente no elevador, mas também na fila de espera do médico, onde um fica perguntando sobre a doença do outro, trocando receitas de remédios, falando mal do médico vizinho. Ou na fila do banheiro “geralmente” feminino. Sempre tem uma mulher bem apressada que quer furar a fila e uma outra desbocada que mais que rapidamente a coloca no seu devido lugar: “Tem fila viu querida? É lá atrás!”.
É papo de elevador, de sala de espera de consultório, de fila de banheiro, é sempre a mesma coisa! Mas se considerarmos a correria cotidiana da maioria das grandes cidades do mundo, ter alguém que puxa assunto com você nem que seja sobre a qualidade do revestimento dos azulejos do corredor do prédio é motivo de comemoração, na maioria das vezes nem um cumprimento decente as pessoas trocam.
É vida moderna... Papo de elevador... Papo de elevador? Ah, que saudades...