Existem
alguns momentos na vida da gente que é preciso cruzar territórios,
sobrevoar novos oceanos, desbravar novas montanhas.
Existem
épocas em que a necessidade de buscar o novo, conhecer o inusitado,
viver o inesperado, te toca, te movimenta, te faz reviver. É hora de
partir. Ou de chegar, como quem não procura, mas sempre encontra
algo de bom.
Quem
vai sente euforia, sente curiosidade, necessidade de se estabilizar.
Quem fica sente um vazio, uma saudade, sente a lágrima escorrer de
forma arbitrária e com vida própria.
Quem
vai também sente a mesma dor, mas sentida de forma diferente. A
lágrima cai, mas somente quando ninguém vê. O peito aperta, mas em
um misto de tristeza com felicidade. A angústia aparece, mas logo a
expulsamos, não há mais espaço para a dúvida, para o medo, para
a incerteza.
Crer
para ver. Lutar para conquistar. Amar para ser amado. Aqui, acolá,
em qualquer lugar. Em todo lugar.
A
saudade de quem vai, a saudade de quem fica. Aperta o peito, dói na
alma, reflete nos olhos.
A
saudade de quem vai, a saudade de quem fica, evidencia o amor, o
encontro, o abraço distante.
A
saudade de quem vai, a saudade de quem fica, evidencia a necessidade
da voz, do toque, do calor.
A
saudade de quem vai, a saudade de quem fica, valoriza o amor, a
presença, torna cada um mais especial.
É
como diz naquela música*: “A casa da saudade é o vazio. O acaso
da saudade fogo frio. Quem foge da saudade preso por um fio, se afoga
em outras águas, mas do mesmo rio.”
O
amor não se nega, se chora, não se lamenta. O amor refletido pela
saudade não se torna dolorido, mas crescente, renasce, engrandece.
Fugir
da saudade, é renegar o sentido da falta, que contradiz o sentimento
que a originou. Sendo assim, não fuja da saudade, não fuja de mim.
Apenas sinta! Estarei em cada lágrima, em cada lembrança, em cada
lugar. Estarão da mesma forma dentro de mim. Aqui, acolá.
Ah...
saudade de quem vai! Ah... saudade de quem fica! Saudade...sinta!
*Música
de Chico César e Paulinho Moska.