O meu marido realizava
um trabalho fora de São Paulo, e aguardava ansiosamente por um telefonema meu
com o sinal verde para ele vir a “nosso” encontro. Um grande medo dele era que
nosso filho nascesse sem que pudesse acompanhar. Não bastava ser o pai, saber
que estava bem. Queria ser um dos primeiros a segurá-lo em seus braços, queria
poder apertar a minha mão, entrar em contato com o amor perfeito, queria poder...
Queria...
Lembro-me como se fosse
hoje eu sentada em uma cadeira de rodas, de avental e muito rímel nos olhos... (imagina!)
Por onde passava arrancava sorrisos de todos no hospital, ia para um baile ou
para a maternidade? Queria que meu filho me visse linda e tivesse orgulho de
mim!
Orei com afinco, e entrei
em um corredor branco e longo. Cada espaço percorrido fazia aumentar ainda mais
a expectativa deste encontro. Na sala de cirurgia senti a presença divina fortemente,
que me acalmou, e permitiu que tudo acontecesse de forma perfeita. A equipe de
“anjos” que me acarinhava, o movimento dos instrumentos cirúrgicos que pareciam
entoar hinos de louvor a Deus, me trazendo paz e me fazendo sorrir. Por um
instante, me faltou o ar!
Eis que um choro ecoou,
e ao abrir meus olhos, a mais bela das imagens: meu marido com os olhos
repletos de lágrimas com meu pequeno filho no colo, lindo! Quanto amor, quanta
alegria! Fechei meus olhos novamente, agradeci a Deus, e chorei. Imediatamente
ao encostar-se no meu peito, meu pequenino se acalmou e naquele instante tive a
exata sensação do era ser mãe. Pude sentir no fundo da minha alma a força que
nos unia. Força que transforma, que transcende todas as camadas do universo e
nos aproxima sem barreiras de forma fenomenal daqueles a quem chamamos de
crias.
É instintivo, é
emocionante, é fantástico! Ao mesmo tempo em que nos reafirma como mulheres nos
faz mais ponderadas frente às oportunidades. Dá-nos o poder da educação, mas nos
cobra a entrega. Nos capacita para o ensinamento, mas necessita nossa
demonstração de amor constante.
Ser mãe é estar
presente sem ultrapassar a individualidade do filho, é conseguir dar o conselho
certo mesmo quando desconhecemos o assunto. É conseguir identificar uma
fragilidade e tentar transformá-la em algo positivo sem que isso seja notado. Ser
mãe é amar alguém além de nós mesmos e tentar transformar nossos defeitos para
darmos os melhores exemplos.
É, pelo visto, parece
que ser mãe é conseguir realizar o que somente os super-heróis são capazes de
fazer. Mas sem capa, sem armas de outra galáxia, sem criptonita.
Alguém se habilita?