segunda-feira, 14 de maio de 2012

VEM LUCAS, VEM....



O meu marido realizava um trabalho fora de São Paulo, e aguardava ansiosamente por um telefonema meu com o sinal verde para ele vir a “nosso” encontro. Um grande medo dele era que nosso filho nascesse sem que pudesse acompanhar. Não bastava ser o pai, saber que estava bem. Queria ser um dos primeiros a segurá-lo em seus braços, queria poder apertar a minha mão, entrar em contato com o amor perfeito, queria poder... Queria...
Lembro-me como se fosse hoje eu sentada em uma cadeira de rodas, de avental e muito rímel nos olhos... (imagina!) Por onde passava arrancava sorrisos de todos no hospital, ia para um baile ou para a maternidade? Queria que meu filho me visse linda e tivesse orgulho de mim!
Orei com afinco, e entrei em um corredor branco e longo. Cada espaço percorrido fazia aumentar ainda mais a expectativa deste encontro. Na sala de cirurgia senti a presença divina fortemente, que me acalmou, e permitiu que tudo acontecesse de forma perfeita. A equipe de “anjos” que me acarinhava, o movimento dos instrumentos cirúrgicos que pareciam entoar hinos de louvor a Deus, me trazendo paz e me fazendo sorrir. Por um instante, me faltou o ar!
Eis que um choro ecoou, e ao abrir meus olhos, a mais bela das imagens: meu marido com os olhos repletos de lágrimas com meu pequeno filho no colo, lindo! Quanto amor, quanta alegria! Fechei meus olhos novamente, agradeci a Deus, e chorei. Imediatamente ao encostar-se no meu peito, meu pequenino se acalmou e naquele instante tive a exata sensação do era ser mãe. Pude sentir no fundo da minha alma a força que nos unia. Força que transforma, que transcende todas as camadas do universo e nos aproxima sem barreiras de forma fenomenal daqueles a quem chamamos de crias.
É instintivo, é emocionante, é fantástico! Ao mesmo tempo em que nos reafirma como mulheres nos faz mais ponderadas frente às oportunidades. Dá-nos o poder da educação, mas nos cobra a entrega. Nos capacita para o ensinamento, mas necessita nossa demonstração de amor constante.
Ser mãe é estar presente sem ultrapassar a individualidade do filho, é conseguir dar o conselho certo mesmo quando desconhecemos o assunto. É conseguir identificar uma fragilidade e tentar transformá-la em algo positivo sem que isso seja notado. Ser mãe é amar alguém além de nós mesmos e tentar transformar nossos defeitos para darmos os melhores exemplos.
É, pelo visto, parece que ser mãe é conseguir realizar o que somente os super-heróis são capazes de fazer. Mas sem capa, sem armas de outra galáxia, sem criptonita.
Alguém se habilita?