quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

REFLEXÕES PARA O NOVO ANO



Uma casinha branca, com varanda... Paz, paz?

Quem nunca desejou “fugir” do stress do dia a dia e ir para o meio do mato, como naquela música “... ter uma casinha branca com varanda, um quintal e uma janela, só pra ver o sol nascer...” algo assim?

Respirar ar puro, ouvir o barulho dos pássaros, ficar em silêncio. Apreciar a paisagem das matas, sentir o cheiro da natureza bem próxima a nós... Sem dúvida que este contato faz bem, renova as forças, nos aproxima de Deus.

Mas à medida que a tarde vem chegando, os insetos mais enlouquecidos, vindos em carreata de Marte ou algum lugar parecido, cheios de asas e “aromas” não muito agradáveis se aproximam, nos “obrigando” a fechar “todas” as portas e janelas, (todas mesmo!) máscaras de oxigênio são derrubadas do teto, e começamos a repensar. E o que dizer do barulhinho daquele ventinho “gostoso” do interior, que balança todas as janelas tão “bem pregadas”, com frestas enormes que nos fazem questionar sua funcionalidade inicial, nos colocando em contato direto com nosso “imaginário mais assustador”? As luzes refletindo... luzes, luzes? Quer dizer a penumbra “agradável” refletindo o mato cerrado, em meio a todas aquelas árvores, com aqueles bichinhos de tantas espécies... o que parecia relaxante, como em um passe de mágica transforma-se num filme de suspense, e em um único minuto, todos os músculos do nosso corpo, tão relaxado até então, contraem-se involuntariamente, nos fazendo sentir como se estivéssemos no meio do trânsito de uma cidade como São Paulo.

De repente, “me repreendo” com os olhos arregalados, como quem procura... O Curupira (como diz meu filho!). Cada sombra é uma ilusão de ótica, cada zumbido, um contato com o além... Ai natureza, tudo tão lindo, relaxante mesmo não é?

Exagero para uns, compreensivo para outros, discussões a parte, o importante é percebermos que a paz não está vinculada a uma paisagem ou outra. Esperei tanto por este momento de estar em contato “direto” com a natureza para me sentir mais calma e quando tenho a oportunidade... Percebi que esta tão buscada paz é resultado de uma série de comportamentos, e muito mais, pensamentos, que não estão necessariamente relacionados a um lugar ou outro, a não ser dentro de nós mesmos.

E como fazer para realmente encontrá-la, agarrá-la, não deixá-la escapar?
Já pararam para pensar que estamos constantemente sendo desafiados a nos superar, transpor dificuldades, saber lidar com questões que de uma forma ou de outra, tentamos abafar, distanciar, isolar dentro da nossa alma?

Na verdade sempre esperamos uma “situação ideal” para iniciar um movimento, uma mudança, uma superação, e no fundo não percebemos que a vida sempre nos levará aos mesmos caminhos, até que tenhamos força para transpor aquela dificuldade. É assim, faz parte do aprendizado, da missão, do sentido de se estar vivo. Ignorar estes sinais é uma forma imatura de se fechar para vida. Não admitir alguma limitação não a reduz, ao contrário, a torna mais evidente, mais grave, mais profunda. Temos que aprender a lidar com nossos medos, frustrações e dissabores. E a partir daí, tentar superá-los.  

Quando a vida nos coloca algumas situações recorrentes na frente, talvez seja um alerta, como quem diz: “Acorda! Você precisa vencer esta etapa para subir o próximo degrau...” Precisamos estar prontos para receber a próxima “missão”. Enquanto existe vida, existe um caminho a cumprir, é o preço!

Vamos “jogando fora” sentimentos inúteis, invasivos, destrutivos, e com o que “sobra”, juntamos os caquinhos e construímos algo “inesperado” com nossos sentimentos. Pode ser muito bom, mas pode ser frustrante também.

No fim, o que nos tornamos acaba sendo o resultado da “subtração de tudo o que não gostaríamos de ser”. É também uma forma de superação. Porque não? Mas será o bastante?
Neste início de novo ano, onde grande parte de nossos pensamentos, anseios e ambições vêem a tona, reflexões como esta são muito comuns. O que as farão ser diferentes ou não, é a maneira como aprendemos a lidar com elas.

As dificuldades sempre existirão, as situações desagradáveis, até desesperadoras. Mas se pensarmos que como em uma casa varandada no topo do morro, a maior parte dos “fantasmas” realmente são imaginários, quem sabe grande parte do nosso sofrimento e agonia cotidiana também não o sejam?

As janelas sempre vão balançar quando existe vento. A sombra sempre existirá à meia luz. Os animais sempre estarão na nossa volta, na cidade, no campo, onde for. Não podemos nos deixar abater pelo que nos assusta. Melhor é considerarmos o canto dos passarinhos, o cheiro confortante das matas molhadas ao amanhecer, o silêncio que preenche a nossa alma e nos põe em contato direto com Deus...

Tudo é uma questão de ponto de vista. Escolha o mais bonito e seja feliz!

Ai natureza, uma casinha no topo do morro, os pássaros cantando, existe coisa melhor?!