Certamente alguns de
nós já ouviu frases deste tipo: “Ah, isso é um
detalhe...”, “Não ligue pra isso, é um detalhe...”.
Detalhe? Pormenor, minúcia. Algo de pouca importância ou
valor. Será?
Dia destes andei me
perguntando, então o que dizer do sal que compromete o sabor,
da pimenta que queima nossa boca, daquele olhar que compromete, do
sorriso revelador?
Os detalhes quando
identificados, e elucidados, saem de sua situação de
pormenor, tornando-se grandes cumulativamente, e até
fundamentais.
O que dizer dos casais
que embalados por Roberto Carlos cantam sem perceber: “Detalhes tão
pequenos de nós dois, são coisas muito grandes pra
esquecer. E a toda hora vão estar presentes. Você
vai ver...”.
Um bilhete de amor, uma
rosa no momento certo. Um sorriso que traz confiança, um olhar
que transmite seriedade. Um toque, um abraço, uma palavra
amiga. Uma data especial, uma roupa adequada, um elogio necessário.
É como o feixe de luz que faz crescer a vegetação,
como o ar puro que renova os ânimos, como um dia de Sol em meio
a tempestade.
E o que dizer de sua
falta? O bilhete que não foi escrito causando dor, a rosa que
murchou na floricultura sem que ninguém a recolhe-se. O
sorriso dado a pessoa errada, o olhar que constrange. A ausência
do toque, o abraço superficial, a conversa monossilábica.
Com o passar do tempo,
as datas importantes vão deixando de existir, não há
mais a vaidade de se cuidar pro outro. Os elogios constantes, vão
sendo substituídos por pequenas acusações, por
conversas sem fundamento, por grandes discussões...
Detalhes? Onde estão,
tão pequenos, tão...tão...Tão!
Quando ainda se tem
amor, respeito, carinho, às vezes algumas peculiaridades para
um ou para outro, parecem pequenos detalhes, sem importância,
sem sentido maior. Mas no cotidiano das relações eles
fazem toda a diferença. E não são restritos a um
casal.
São nos pequenos
gestos que notamos a grandeza das pessoas, dos sentimentos, das
intenções. É certo que uns são mais
sensíveis que outros, mas de maneira geral, ignorar algo
importante para alguém que amamos ao longo do tempo, pode ser
fatal! É como o lago que vai secando 1 mm a cada dia, como a
folha que cai da árvore e vai murchando sem que ninguém
perceba. Como os pássaros que tomam novos caminhos e fazem o
horizonte parecer tão longe. Um dia vai faltar a água,
a beleza das árvores, o frescor dos pássaros
sobrevoando nossas cabeças.
Ainda parafraseando
Roberto: “Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa
estrada. Do tempo que transforma todo amor em quase nada. Mas "quase"
também é mais um detalhe.” Será?
Este texto foi publicado por Drika Flores na revista Vitrine: http://www.vitrinerevista.com.br/revistas/edicao44.swf