domingo, 3 de março de 2013

Vento faz do meu mundo um novo...


Já pensei em ser bailarina, psicóloga, jornalista, publicitária. Imaginei que seria uma executiva de sucesso, e viajaria pelo mundo, trabalhando nas melhores empresas.  Me via passeando pelas ruas de Nova York, queria ter uma cobertura na “Avenida Paulista”, e tinha o sonho de conhecer a “Ilha de Marajó” (PA).
Já quis namorar integrante do Menudo e dei “aulas de dança” para as crianças do prédio com hits como “Não se reprima, não se reprima...”, ou “Companheiro, companheiro vem, vem no balanço do mar...”- Este último do Grupo Dominó- que uma vez fui a um show e fiquei em um lugar tão longe, mas tão longe, que se tivessem trocado os integrantes de cima do palco, eu nem perceberia.
Pois é, me formei em administração, nunca fui a NY apesar de ter feito algumas tentativas para tal, na Av. Paulista vou só de passagem, mas em compensação já me hospedei na Ilha de Marajó e me casei com um homem muito melhor do que qualquer cantor pop! A vida é assim...
Depois de um tempo descobri que em qualquer outra profissão que eu tivesse escolhido poderia ser bem sucedida, e que o fato de viajar muito a trabalho não é sinônimo necessariamente de sucesso. Descobri que o que faz sermos diferentes, não é o que fazemos, mas o que somos e a maneira como fazemos nosso ofício.
Viajei por muitos lugares, mas, como acompanhante do meu marido, este sim estava trabalhando, e foi muito bom também.  Descobri que importa muito mais a maneira como você encara o novo destino, do que propriamente o que você vai fazer nele. Sendo assim viajar a trabalho pode ser ainda pior, porque não temos a oportunidade de usufruir muitas vezes dos passeios que gostaríamos.
Não devemos ficar presos a preconceitos ou planos estabelecidos, porque o que a vida tem pra oferecer pode ser muito melhor do que poderíamos imaginar.
Descobri que a minha felicidade não está na minha profissão, ou no trabalho que desempenho, assim como meu talento não se mede pela faculdade que eu cursei.
Descobri que se prender a alguns valores de forma pouco tolerante faz com que muitas oportunidades sejam desencaminhadas da nossa vida. Portanto, estar atento e disposto a enfrentar novos desafios, é uma ótima forma de se manter vivo.
Na verdade me sinto como um pássaro de asas abertas que uma vez perdida a rota de vôo estabelecida, segue com a força do vento. Um pássaro perdido não sabe direito que caminho tomar, mas isso não faz dele menos forte, menos determinado, menos obstinado que os demais. Nem é garantia de que o destino a ser alcançado será menos compensatório ou especial.
Às vezes os pássaros que chegam primeiro, morrem mais cedo, pegam uma tempestade inesperada, cruzam com predadores indesejáveis. E o outro que vem atrás, por observar os erros do colega à sua frente, já sabe como se defender melhor. Muitas vezes o pássaro que opta por um caminho diferente, se desvia das nuvens carregadas e acaba por descobrir um belo arco-íris.
Hoje, me sinto um pássaro lindo, grande e forte. Com asas enormes que sabem mover-se muito bem com o impulso dos ventos. Um pássaro com bico amarelo marcante e penugens coloridas, que alegram os animais a sua volta e se destaca não pela beleza das cores, mas pelas sombras refrescantes que proporciona a quem precisar se esconder sob suas asas.
Sou pássaro nativo desta terra, guerreiro desde o nascimento, ousado por ter percorrido caminhos diferentes, versátil por ter desenvolvido habilidades de convivência diversas em função das inúmeras trocas de destino.
Sou como um pássaro que abre as asas e olha para o céu a espera do vento que irá me levar a caminhos ainda não percorridos, mas desejados e esperados a vida inteira. Abro minhas asas coloridas e grandes, fortes e preparadas: “Venha vento amigo, e me leve pra qualquer lugar!” Não me importam os outros bichos à minha volta que como hienas infelizes acreditam estar em segurança porque estão estacionados no mesmo zôo a vida inteira.
Eu me permiti ser feliz, viver, descobrir, voar... pode ser muito melhor... Parafraseando aquela música: “Vento faz do meu mundo um novo...”
Vôo por todo lugar porque sei que mais importante do que o caminho percorrido, é o resultado obtido no final. E este, só Deus pode definir...