Era
uma vez uma doce jovem que sonhava em encontrar um homem interessante e
apaixonado que quisesse casar e compartilhar um grande amor. Os anos se
passaram, e o que parecia apenas sonho, como por encanto aconteceu. E quando
deu por si, lá estava ela... Linda, toda de branco...
Seu
sorriso contagiante, cativava, emocionava, tocava a alma dos convidados. Quanta
alegria, quanta satisfação. Sua felicidade era tão grande, que seus lábios
pareciam flautas entoando canções românticas pelo salão! Como se pássaros
acompanhassem seu deslizar sob o som da valsa, e como se nuvens fossem
delicadamente espalhadas pela pista de dança, proporcionando momentos
deslumbrantes a todos nós.
Parecia
que pétalas de rosas saiam dos seus sapatos, cuidadosamente escolhidos para celebrar
aquele momento mágico da sua vida, formando um caminho de flores perfumadas e
vistosas por onde ela passava. Seus movimentos pareciam acontecer em câmera
lenta, tamanha classe e delicadeza. Seus olhos brilhavam mais que as estrelas
daquela noite, aliás, o céu se rendeu à sua beleza, sua felicidade, sua emoção.
E contagiou a todos nós...
Ele,
o verdadeiro príncipe. “Ah, como valeu a pena esperar por este momento...”-
transparecia ela ao olhá-lo com admiração. Quanto cuidado com sua amada, quanto
carinho, quanto amor... “Está ainda mais bela” – demonstrava o escolhido ao
observá-la atentamente, deixando-a brilhar! “Brilha minha amada, brilha! Isto
tudo é para você! Tudo pra você”... Diziam os seus olhos apaixonados...
Quanta
fartura, quanta beleza, quanta dedicação... Decoração de bom gosto sob as luzes
que refletiam a beleza do mar... Um menu de primeira qualidade, variado,
delicioso. E os docinhos então? Tinha brigadeiro de uns dez tipos diferentes,
doces com asas de anjos, e até “Santo Antonio comestível”, para os mais afoitos
a encontrar seu par... (dizem os mais maldosos que teve gente congelando alguns
destes, guardando nos bolsos, no arranjo de cabelo...).
De
repente... O que parecia sonho para os noivos, virou sonho para mim... Um batuque
contagiante, delicioso, inspirador tomou conta do salão, me trazendo de volta
para a Bahia! Um grupo de baianas devidamente caracterizadas se espalhou pela
pista e ao som referência dos soteropolitanos, me realizei. Dancei, sambei, “carnavalizei”,
tudo que tinha direito. Meus pais brincam que se não tivéssemos mudado de lá,
(morei em Salvador uns bons anos da minha infância-adolescência), teriam me
perdido atrás do trio elétrico. Não duvido. É impressionante como aquele
batuque movimenta até os mais tímidos, uni, aproxima as pessoas. Barreiras se
quebram e dão lugar ao rebolado, à sensualidade, ao algo mais que o baiano tem!
Se
até os mais tímidos se aventuraram a arriscar uns passos de axé, o que dizer
das senhorinhas mais fogosas que se identificam com as dançarinas africanas e,
acreditando ter o seu rebolado, soltam os quadris, balançam a cabeça,
movimentam os braços para todas as direções (todas mesmo!). Já não importa mais
o ritmo (até porque muitos têm certa dificuldade em acompanhar... abafa!).
Aquele momento vira uma espécie de terapia, e os sentimentos mais contidos
afloram, dando lugar a... Tudo que estiver guardado dentro de cada um... Preocupante
para uns, revelador para outros, mas não importa. Estamos na Bahia, a terra do algo
mais, da alegria...
...
“ah... festa de casamento... na Bahia...”!
Observando
aqueles momentos com olhar de quem veio de longe, tive ainda mais certeza de
que cada esforço valeu à pena. Cada quilômetro percorrido, cada expectativa,
cada emoção guardada por tantos anos. Que felicidade poder voltar àquele lugar,
encontrar amigos tão queridos, e desfrutar de um momento tão particular na vida
de um casal...
Naquele
instante, fechei os olhos e agradeci. Agradeci a Deus por tanto amor, por tanto
carinho, por tanto cuidado. Agradeci por estar ali, fazendo parte de tudo
aquilo. Agradeci por todas as pessoas que colocou no meu caminho... E chorei de
felicidade!
Os
anos se passam, as relações se transformam, mas os sentimentos puros e verdadeiros,
sem clichê, ficam. E mesmo que a distância nos afaste geograficamente das
pessoas amadas, quem realmente está presente na nossa alma, fica para sempre. E
serão sempre mais forte do que qualquer outro que venhamos a encontrar. Porque
fazem parte da nossa história, do nosso conceito de vida, da nossa formação.
Contribuíram de alguma forma para que definíssemos nossa personalidade, e nos
guiaram a caminhos, que influenciam nossas vidas até hoje...
Ainda
me lembro da Dedé (a noiva!), me inspirando com seus passos de balé pelos
teatros de Salvador... É bom ver que ela continua emocionando, se destacando,
sendo a estrela que merece ser...
Brilha
minha noiva, brilha. Hoje o dia é todo seu!