quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ainda lembro da minha infância...

Ainda me lembro dos finais de semana na praia, me lambuzando de sorvete, tomando banho de mar! Lembro-me do sanduíche de pão de forma da minha avó, da água de coco, daquele biquíni branco que minha mãe usava e, deixava-a ainda mais linda! Sem falar nos finais de semana no “Hotel Quatro Rodas”, ai que delícia! A piscina imensa, as quadras de tênis, o lago em frente ao restaurante, quantas histórias...
Passei a minha infância toda na Bahia, morando em Salvador. E posso falar que foram uns dos anos mais felizes da minha vida. Era uma época diferente, parece que o dinheiro rendia mais. Confesso que como criança, não tinha esta preocupação, muito menos noção para avaliar, mas às vezes tenho esta impressão. Algo era diferente, se não na economia, no mundo em que eu vivia.
Certamente fui muito privilegiada por ter nascido em lar cristão, ter recebido muito amor, boa instrução, excelentes condições de vida e alimentação. Eu vivia em um mundo tão especial que se pudesse, mudaria para lá! Só de lembrar, me sinto mais leve...
Meu pai era um super herói. Como às vezes dava cursos e treinamentos em hotéis e restaurantes, éramos tratados como “personalidades”! Achava o máximo! Além disso, ele era atleta. Corria todos os dias com a “turma da madruga” e ainda jogava tênis aos finais de semana... Minha mãe a mulher mais doce e linda do mundo e meu pai um super herói, bom saber que não estava enganada!
E o que dizer da minha imaginação mais do que fértil que me fazia ver golfinhos embaixo da minha cama, e luzes fluorescentes saindo dos olhos das minhas bonecas? O corredor do apartamento até a cozinha parecia algo sem fim. Beber água a noite se tornava uma viagem assustadora. Só a minha mãe mesmo para ter tanta paciência...
Aliás, várias noites por semana, eu pegava meu colchão, ou mesmo meia dúzia de almofadões (para meu pai não ouvir muito barulho!), e ia dormir no quarto dos meus pais. Sonhava com uma velhinha esquisita que queria me roubar, então dava a mão para a minha mãe, e naquele instante, me sentia a criança mais protegida do mundo. Sabia que estando ali, nada de ruim poderia me acontecer. E de certa forma, tinha razão!
Lembro também que morria de raiva quando a minha irmã, que dormia no mesmo quarto que eu, sempre destemida, dormia em menos de um segundo, não me dando chance para adormecer na sua frente sem medos. Ela fazia um movimento com os olhos que pareciam estar abertos, e eu ficava horas colocando a mão sobre o seu nariz, para ter certeza de que estava respirando... Aliás, vira e mexe eu fazia isso com todos da casa!
Meu irmão era uma figura, briguento, mas muito amável. Conhecia tomo mundo, e conversava com os adultos de igual para igual. Quando eu queria fazer alguma coisa que tinha vergonha, era nele que me apoiava. É já fui muito tímida um dia...
Morávamos de frente para o mar (que saudade), e estudava a uns trezentos metros de casa. Aconteciam festas de aniversário no salão do prédio quase toda semana e fazíamos muitas brincadeiras no play (muito menos equipado do que os de hoje, mas certamente, muito mais divertido). Os feriados nas casas de praia que alugávamos com um grupo de amigos, as idas ao shopping para patinar no gelo, as aulas de balé, o acarajé toda sexta feira. Os domingos no Clube Espanhol, ou no Iate Clube junto com a família da Tia Vera e do Tio Netinho. Todo final de semana estávamos juntos. Eu e a Fernanda, filha deles, éramos como irmãs. Assim com o Marcelo e a Déa. Sentimentos como estes nos acompanham para a vida toda...
Ah como era bom ser criança! Sinto falta do romantismo e da poesia daquela época, da vida tão mais encantadora. Sinto falta do sorriso solto, e das pessoas que se foram...
Difícil mesmo foi crescer e ter que admitir que, aquele mundo na realidade existia apenas na minha cabeça e nas minhas intenções. Reconhecer toda maldade e violência, e ter que lutar diariamente. Talvez seja por isso que tenha essa tendência a ser brincalhona, e parecer até um tanto infantil, é uma forma de trazer a minha infância para perto da alma, e me sentir melhor.
Quando me lembro da minha infância, e vejo a realidade de tantas crianças neste mundo hoje, choro em silêncio. Criança deve ser tratada como criança. Deve ter o direito de brincar, de estudar e ter comida na mesa. Confesso que muitas vezes tenho vontade de fechar os olhos para não enxergar certas situações, tamanha a dor, e indignação que despertam. Mas não vai resolver, pelo contrário, só piora o que já está péssimo. Gostaria sinceramente de fazer algo pelas crianças deste mundo. Talvez levá-las para o lugar onde eu vivi, esperando o tempo certo para que possam crescer e analisar as dificuldades da vida, com condições para se defender.
Dia 12 de outubro esta chegando, mais do que brinquedos, nossas crianças precisam de amor, casa, comida e educação. Uma boneca de plástico que oferecemos, pode aliviar um pouco o sentimento de desconforto, mas não garante a sobrevivência de ninguém. Vamos pensar e desenvolver algo maior...
Que neste dia das crianças, assim como em todos os outros, tenhamos mais preocupação em ensinar aos nossos filhos o que é o amor, o respeito e a fé, e menos vontade de sobrecarregá-los com brinquedos inúteis, que desviem seus sentimentos do que realmente importa; criando uma visão muito mais materialista do que deveria, e muito menos espiritualizada do que necessário. Que possamos abraçá-los fortemente, e juntos orar:
“Senhor Deus, te pedimos que neste dia das crianças o Senhor possa iluminar nossas mentes e direcionar nossos pensamentos a um caminho que nos ajude a melhorar a vida dos nossos pequenininhos. Te pedimos inteligência, sabedoria e fé, para que todos os recursos necessários sejam adquiridos. Pedimos humildade, paciência e forças. Que o Senhor com seu infinito poder, toque no coração dos seus filhos fazendo um movimento de amor. Nos dá condições para fazer o bem e livrai os teus pequenos de todo mal, amém!”

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!!  


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