Observando
esta onda de manifestações espalhadas pelo país pude concluir
alguns pontos interessantes e peculiares. É claro que estamos
insatisfeitos com muita coisa que acontece: a desigualdade social,
não se referindo apenas à questão financeira, mas de educação
mesmo, de falta de oportunidade, desrespeito, falta de consideração.
Mais grave do que uns morarem no condomínio de luxo e outros morarem
no pé do morro, é a falta de condições dignas para se viver.
Grave também é a sensação de impotência que muita gente tem –
“Hoje não está bom, mas se eu me esforçar, amanhã posso estar
melhor”. Mas não é o que acontece na maioria dos casos- “Hoje
não está bom, e amanhã pode estar muito pior!”.
Como
uma pessoa pode viver deste jeito? Imagina uma criança nascida na
periferia, convivendo com o traficante na porta de casa, o alcoolismo
e até agressão de parentes próximos, a indiferença, a falta de
amor, de oportunidade, de fé? Como imaginar este serzinho daqui uns
anos, agindo de forma coerente, respeitosa, oportuna, sensata. As
pessoas reagem àquilo que recebem. Se você recebe amor, você
devolve amor, caso contrário, -“vou querer me vingar do mundo todo
que não está nem aí pra mim...”.
Vi
muitas cenas bonitas por estes dias, como multidões cantando o hino
nacional, jovens tomando consciência da importância da união de
uma nação, da força das palavras quando elucidas em um momento de
necessidade, do poder que o entusiasmo coletivo pode alcançar.
E
vi também cenas contraditórias de senhores com pouca perspectiva de
vida lutando por um país melhor que provavelmente eles mesmos não
terão a chance de conferir; enquanto alguns jovens que teriam o
futuro todo pela frente, se embriagavam de forma inconseqüente, sem
se dar conta de que eles sim sofrerão as conseqüências de tudo que
está sendo originado nos dias de hoje.
Vi
“bicho grilo” fazendo média contra o capitalismo e postando
fotos nas redes sociais com celulares de última geração.
Trabalhador “sem educação apropriada” discursando muito melhor
do que político pós-graduado em época de eleição.
Vi
o vândalo inconseqüente destruindo o patrimônio que também é
dele sem perceber que esta conta chegará à porta da sua própria
casa. E vi também um povo descontrolado, gritando e até se
excedendo em algumas atitudes porque tá cansado de viver à margem
de um país que não o considera.
Este
é o nosso país. Um país continente, um país de gente crente, de
gente descrente, de gente da gente. Que vibra nos estádios de
futebol, que grita nas ruas por respeito, e que ainda tem força para
sambar, sorrir, e contagiar o mundo como nenhuma outra nação. Mas
não basta sair às ruas e gritar, fazer bandeira. Comece sendo
honesto, tendo respeito pelo próximo, crie seus filhos de forma
sensata, com amor, dê oportunidades para quem precisa, faça o que
está ao “seu” alcance, está sim é a “verdadeira passeata”
da qual o Brasil está precisando.