Por
estes dias fiz aniversário.
Nesta
época é muito bom fazermos uma bela limpeza. Limpar a nossa mente
dos pensamentos negativos que não nos levam a lugar nenhum. Limpar o
nosso corpo das besteiras que acabamos comendo mesmo sem perceber.
Limpar a nossa alma: aproximá-la de Deus. É como se alguém lá em
cima estivesse olhando por nós de maneira diferente neste dia, mais
atenciosa, e talvez fosse o momento exato de estreitar esta relação
de fé, e de paz.
Quando
pequena meus pais sempre faziam um bolo pelo menos para comemorar. E
era sempre bom!
Certa
vez fizemos uma festa de aniversário juntas, eu e minha irmã. Minha
avó veio de SP (eu morava na Bahia) e fez “todos os docinhos” em
casa. Bom, foram dias “experimentando” os quitutes, inventando
receitas, preparando a decoração do salão...muita emoção, muita
alegria, muita expectativa. Mesmo que não fosse ninguém na festa,
já estava sendo divertido só pela reunião da família e dos amigos
ajudando nos preparativos.
Eis
que chegou o grande dia, o salão do prédio todo enfeitado, lotado
de pessoas amigas, música de fundo, risadas, brincadeiras. Tudo
correndo bem, até que chega a hora do parabéns. Para inovar, minha
avó e minha mãe fizeram um bolo todo coberto com balas, e
chocolates, e jujubas, e afins. Sabe aquele bolo dos sonhos de
qualquer criança! Lindo demais, dava água na boca de olhar. Com
muito custo conseguimos chegar àquela parte da música do parabéns
que diz “é pique é pique”... não me lembro se cheguei a cantar
rátimbum, se apegamos as velas, só sei que de repente, a moleca
“subiu”em cima da mesa, começaram a retirar os enfeites do bolo,
um empurrando o outro, com docinhos amassados nos cotovelos, pedaço
de chocolate no cabelo, foi um misto de sucesso com desespero...na
hora deu até medo de me arrancarem um pedaço do nariz sei lá ,
acreditando que fosse um beijinho um pouco passado do ponto! Mas foi
demais. Acalmados os ânimos, não faltou doce pra ninguém. As
festas em casa sempre foram muito fartas, dava para alimentar o dobro
da quantidade de convidados!! Bom demais, nunca vou esquecer aquele
dia...
O
prédio que eu morava era muito legal, porque as pessoas eram muito
animadas, e tudo era motivo para comemoração. Um aniversário para
família, sempre virava carnaval, e eu que sempre fui arroz de festa
como dizia minha mãe, não perdia um só evento. Sempre no final das
festas, colocávamos as músicas da Gal Costa (fagulhas pontas de
agulhas brilham estrelas...), da Elba Ramalho ( Oi tum tum bate
coração), do Luiz Caldas ( nega do cabelo duro que não gosta de
pentear...), e eu, me esbaldava, ficava descalça, era sempre uma das
últimas a ir embora do salão.
Bom
relembrar estes momentos, e ver como a vida pode ser generosa se a
gente souber aproveitar.
Desapontamentos,
desilusões, momentos de tristeza, feridas difíceis de cicatrizar,
todo mundo tem, mas saber fazer uma limonada, ou melhor, uma
caipirinha com tudo isso, é o que faz sermos diferentes. Nem
melhores nem piores, apenas felizes.
A
sonoplastia se modifica mas a vontade de fazer a vida valer a pena
permanece, transformando momentos de dificuldade, em oportunidade de
crescimento e superação.
“Oi
tum tum bate coração...”!
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