quarta-feira, 18 de maio de 2011

VOCÊ SABE O QUE SIGNIFICA A PALAVRA FORÇA?

Estes dias tenho pensado muito no significado da palavra força. Chega a ser engraçado como as pessoas se equivocam com relação a este assunto.
É comum, inerente ao ser humano imaginarmos que há fragilidade ao vermos uma simples rosa, um bebê recém-nascido, uma criança pobre da periferia. E ao mesmo tempo inexplicável, como acontece esta relação tão pouco provável de superação.
Não nos damos conta do quanto resiste esta simples florzinha, desde o momento em que é arrancada do pé, até ao instante em que nos emociona com sua presença. Assim como o bebezinho, tão frágil, sobrevive a um desabamento de terra por três, quatro dias consecutivos. Sem falar em uma criança pobre de periferia que se desenvolve e alcança objetivos "inimagináveis"; transformando-se em um empresário de sucesso, presidente de uma república, ou líder político mundial.
Será um pouco de prepotência de quem avalia? Porque certas pessoas subestimam tanto a capacidade emocional de quem os cerca? Desde que fiquei "mais em casa" tenho observado que os profissionais ativos, com bom emprego, que "vencem barreiras cotidianas, alcançando metas pré-estabelecidas e superando desafios de implantação de sistemas extremamente complexos" são julgados como mais preparados, mais fortes e guerreiros com relação a quem não segue o mesmo estilo de vida.
Gente, claro que para acordar cedo todos os dias, enfrentar o trânsito de uma cidade como São Paulo, por exemplo, agüentar os desafios de uma grande empresa, a concorrência, a pressão das contas que vão vencer, e etc etc etc, não é uma coisa fácil. É preciso ter muita força. Determinação, esforço. Sem dúvida alguma. Mas o que dizer de quem tem condição para estar no mesmo lugar profissionalmente que você, às vezes até mais capacitado, e tem que abrir mão de tudo para cuidar da casa e dos filhos. Sinceramente, você teria a mesma força?
De certa forma, temos que enfrentar a pressão da organização e "bom desenvolvimento" da família nas costas, e ainda administrar o salário que não foi você quem ganhou, de forma que todos saiam a contento. Sem falar nas obrigações de dar suporte emocional a cada um que chega em casa, do trabalho, ou da escola, deprimidos, e contam com você.
Quando trabalhamos fora de casa, geralmente contamos com a força de quem nos espera, para desabafar nos momentos de angústia, dificuldade e temor. E quando se está em casa? A força parece que vira uma obrigação. E toda vez que nos fragilizamos por qualquer coisa "banal" do nosso cotidiano, somos postos a prova: "imagina, quem chora porque o filho está com isso ainda vai sofrer muito na vida", "onde já se viu chorar por causa disso?".
A estes que subestimam a força de nós mulheres "frágeis" donas de casa, que por vezes nos "emocionamos" com qualquer coisa do cotidiano, não confundam sensibilidade com fraqueza. Muitas vezes através do choro, conseguimos FORÇA para ajudar todos em nossa volta, para aliviar o peito, para nos permitirmos "vivos".
Nós donas de casa "despreparadas profissionalmente", "desesperadas com as dificuldades de nossos filhos", "inseguras com relação a nossa auto-estima" temos um recado para a sociedade preconceituosa e prepotente que se julga mais bem preparada que nós: primeiro, tomem cuidado porque com a experiência doméstica que adquirimos, com alguns meses de cursinho, podemos tomar o seu lugar. Segundo, não se equivoquem porque somos como rosas: não somos frágeis como parecemos, temos espinhos muito bem escondidos que nos asseguram uma vida mais longa. Terceiro, mesmo que "soterradas" por emoções de terceiros, ainda temos a capacidade de salvar alguns sentimentos próprios como afeto, sensibilidade e MUITA FORÇA para garantir que todos continuem se alimentando, vestindo roupas limpinhas e se desenvolvendo muito bem no dia seguinte.
E agora, para você que achava que sabia o significado da palavra FORÇA, deu para perceber a diferença de avaliação, fraquinho (a)?
Adriana F Flores Mafra

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